Não é fácil ficar velho. As forças vão se acabando, a visão diminui e as vezes até mesmo a nossa mente começa a não acompanhar aquilo que nós queremos. Sendo assim, muitos velhinhos são colocados em casas da terceira idade, onde são cuidados e começam a conviver com pessoas na mesma faixa etária. Para alguns é muito bom, mas para outros é um momento de solidão. O quadrinista Paco Roca nos traz com muita sensibilidade um retrato desse ambiente, mostrando a vida de alguns velhinho dentro de um asilo. Somos levados a refletirmos sobre a vida, sobre nossas motivações e sobre como o final da vida pode ser triste para alguns. Tudo muito bem desenhado e roteirizado por Paco Roca.
A trama se inicia com o idoso Emilio sendo deixado no asilo por seus filhos. No inicio não conseguimos entender o motivo dele estar ali, até o momento quando ele é diagnosticado com Alzheimer, sendo um dos momentos mais tristes da história, já que conseguimos sentir a tristeza do personagem por estar ali. Quando ele chega, é destinado a ter como companheiro de quarto o irônico e debochado Miguel, que conhece cada pedaço do asilo. Miguel mostra para ele como as coisas funcionam e apresenta os demais moradores. Vemos que cada idoso possui a sua debilidade. Temos um homem com demência, mas a sua mulher idosa decidiu ficar com ele no asilo. Uma outra mulher fica sentada em frente a uma janela, sempre imaginando que esta em um trem europeu. Temos também um senhor que já foi medalha de bronze em atletismo e sempre fala sobre isso. Temos até uma cena engraçada onde um idoso usa de sua esperteza para tocar nos seios da enfermeira que é muito bonita. Miguel também tem seus problemas, como a impulsão de sempre querer roubar o dinheiro e pertencer dos outros velhinhos do asilo, inclusive de Emilio.
Quando Emilio descobre que tem Alzheimer, começa a querer esconder dos médicos o seu problema, pois aqueles que perdem as sua faculdades mentais acabam indo para o andar de cima, onde só ficam os velhinhos debilitados. Miguel chega a ficar revoltado com a velhice, dizendo que não é um bom tempo na vida, além de mostrar que ninguém ali vive uma vida boa, que ficar velho é ruim, Ainda assim ele tenta ajudar o amigo Emilio a disfarçar seu problema com Alzheimer. Miguel consegue ajuda para pegar um carro e sair para fora, com Emilio dirigindo. É uma chance deles viverem a liberdade da vida, mas como o esperado, ocorre um acidente, já que Emilio não lembra mais como dirigir direito. Paco Roca nos leva a mergulhamos na vida do asilo, onde vemos um momento de felicidade para os idosos, quando eles recebem visita de seus parentes, ainda que alguns deles não recebam a visita de ninguém, como o próprio Miguel. Ler "Rugas" é olhar para nosso próprio futuro, onde a velhice cega para todos e não sabemos como estará a nossa saúde e nosso relacionamento com nossos familiares. Vemos que mesmo pessoas com tantas histórias fantásticas, em um momento da vida acaba sendo levada a precisar da ajuda de alguém.
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