Sou de uma época que o Brasil parava em uma Copa do mundo. As ruas eram pintadas, os fios eram decorados de bandeirinhas e a galera aguardava com muita expectativas os jogos da seleção. Existia uma identificação com os jogadores, já que eles pareciam mais acessíveis do que hoje em dia. Além disso, o Brasil havia vencido a Copa de 94, e possuía um time muito forte em 98, com Ronaldo tendo sido eleito o melhor do mundo por dois anos seguidos. Não tinha como dar errado, o filme estava pronto. Brasil penta campeão e Ronaldo melhor do mundo novamente, agora com o baixinho Romário ao seu lado. Pois é, mas a história foi outra e a decepção foi enorme.
Como toda criança entrando na adolescência, eu era apaixonado por futebol, de verdade. Acompanhava jogos, fazia checklist, conhecia os melhores jogadores, e sim, amava a seleção brasileira. Acontece que após a Copa de 98 as coisas nunca mais foram as mesmas, tanto no mundo do futebol como na minha vida também. Era uma época em que as marcas começavam a ter mais espaço no esporte, e principalmente a Nike, se intrometia demais. A seleção brasileira foi vitima disso, tendo Ronaldo como o principal jogador da marca. Logo antes da competição Romário foi cortado, gerando polêmica, mas ainda assim o time seguia muito forte, era muito favorito a vencer. Com o desenrolar do torneio, o Brasil foi vencendo suas partidas e o fenômeno marcando seus gols. As quartas de finais foram inesquecíveis contra a Dinamarca. Me lembro de assistir na casa da minha avó, e como gritei quando Rivaldo chutou de longe e nos deu o gol da vitórias. E o que dizer da semi contra a Holanda. Foi nos pênaltis, foi emocionante, foi também inesquecível.
Chegamos então na final, para jogar contra a França. Em uma época onde as informações eram mais lentas, não me lembro de conhecermos os jogadores franceses, não havia um nome para nos dar medo. Foi então que conhecemos Zidane, o herói do título francês. Assisti a partida com meus primos, estava tudo certo. Amigos, risadas e o título. Mas que dia foi aquele, o Brasil estava irreconhecível e Ronaldo nada fez. Mais tarde soubemos que ele havia tido uma convulsão e por isso não estava nas melhores condições. Aquela derrota doeu demais, me lembro de assim que o jogo terminou falar que a partida oi comprada. Chorei bastante e disse que não queria mais torcer pelo Brasil, que eram jogadores comprados. A coisa é meio maluca, pois surgiu esse papo de jogo comprado em uma época onde ninguém estava se falando pelas redes sociais Mas cada um em sua casa gritava a mesma coisa, tudo era armado para o Brasil perder. Até hoje não sei dizer a respeito, mas enfim, perdemos, e perdemos feio. Os jogadores estavam desolados e o fenômeno abatido. Voltei sim a torcer pelo Brasil, mas nunca mais foi igual, onde a cada ano minha paixão pela amarelinha foi se apagando. 98 ficou marcado na minha vida, pelo choro de um menino que se importava com coisas simples como o futebol.
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