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Senna, Ímola e eu

domingo, 11 de maio de 2025

"Senna bateu forte". Essa frase do Galvão Bueno, narrando o acidente do Ayrton Senna em Ímola ficou marcado para a história. Era o último momento do melhor piloto brasileiro de Fórmula 1 que já tivemos. Me lembro muito bem desse exato momento, onde eu era uma criança com apenas sete anos de idade, apaixonado por futebol e com grandes expectativas de que naquele ano o Senna seria campeão mundial. Estava brincando no quintal, quando meu padrasto me chamou falando que o Senna havia acabado de bater o carro. Corri rapidamente para a nossa pequena casa, morávamos em um quarto e cozinha, e acompanhei com os olhos atentos a frente da televisão, um dia em que todos gostariam que não tivesse acontecido.


É incrível como a nossa memória funciona, pois eu consigo me lembrar de detalhes da minha infância, mas me esqueço com facilidade daquilo que aconteceu semana passada. A minha primeira memória relacionada a Fórmula 1 vem de 1993, da qual muitos dizem que foi a melhor temporada de Senna, que estava no seu auge como piloto. Como não lembrar do GP do Brasil, em que assisti com meu padrasto e minha mãe uma vitória sensacional do brasileiro, com a torcida invadindo o autódromo de Interlagos após a conquista do primeiro lugar. Uma vitória do Senna animava o Brasil, alegrava aquelas manhãs de domingo, e eu, ainda tão criança, já conseguia sentir bem aquelas emoções. Quando visitava meu avô nas manhãs de domingo, era certeza que ele estaria assistindo corridas, e com ele, via Senna perseguindo aquelas Williams, carros de outro mundo, como o próprio Senna dizia, ganhando várias provas. Cara, era impossível ganhar daquele carro azul e amarelo, que tinha o Prost pilotando. Criança aprende rápido, logo soube que aquele francês era o principal rival do Senna.

Quando o ano de 1993 estava terminando, uma noticia me animou, e eu não via a hora de 1994 começar. Ayrton Senna iria pilotar para a Williams. Agora já era, ele iria ser facilmente campeão, pois tinha o melhor carro do grid. Era aposta ganha, o melhor piloto e o melhor carro. Acreditava mais no tetra do Senna do que no tetra da seleção brasileira. Mas então, as coisas não foram conforme a expectativa criadas. Na primeira prova em Interlagos, estava na Praia grande em família, mas no domingo a tarde, tínhamos que ver a corrida. Senna rodou, uma decepção tomou conta de mim, ainda mais ao ver Schumacher ganhar. Tratei o alemão como inimigo por anos, nunca consegui torcer por ele, quer dizer, apenas uma vez torci, mas continuo não gostando dele. Criança guarda seus rancores, eu guardei. No GP do Pacifico, bateram no carro do Senna e novamente não completou a prova. Chegava então Ímola, um circuito perigoso e que trouxe acidentes e mortes naquele fim de semana. Tudo estava estranho, clima pesado, um Senna reflexivo. Com tantas paradas, fui brincar no quintal, enquanto Senna morria na pista. Nunca me esqueci daqueles dias, o Brasil chorou. O clima nos dias seguintes? Nunca vi um sentimento tão triste nas pessoas, um buraco e vazio na população. Nunca conheci o Senna, mas foi a morte de um desconhecido que mais me marcou. Até hoje quando penso, dá uma tristeza. Podia ter sido mais, poderíamos ter visto mais títulos. Poxa, era minha vez, o melhor carro e o melhor piloto. Eu veria Senna ser campeão. Infelizmente, tudo acabou em uma curva na pista de Ímola.

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