Muitos gostam do barulho, mas eu gosto mesmo é do silêncio e do sossego. Muitos gostam da festa, coisas grandes e que outros o enxerguem como alguém digno de aplausos. Eu não, o que gosto mesmo é das coisas simples da vida, dos acontecimentos naturais e corriqueiros. Neles se encontram valor e sentido, até porque a vida é simples na maioria dos dias. Olhe por exemplo o fato de não comermos comida japonesa todo dia, já que isso é algo para a maioria em dias especiais. Na rotina comemos mesmo é o bom e velho arroz e feijão, a macarronada do domingo e nosso pão na chapa no café da manhã. Muitos se frustram por sempre esperar o extraordinários, mas se esquecem que a vida se encontra é no ordinário, na rotina comum da vida.
Não adianta olhar para a televisão e achar que a vida fantástica são aquelas vividas pelos artistas, quando as vezes, nem eles mesmo pensem assim. Me lembro do Jim Carrey dizendo que gostaria que todos fossem ricos uma vez na vida, para que viessem a entender que a alegria não está no dinheiro. Sabe porque ele diz isso? Não é por conta da grana, mas porque a vida é movimento, não coisas. Lembre-se que as grandes cenas do cinema só acontecem uma vez no filme, o resto é o comum. Assim é nossa vida, ainda que tenham dias de novidades e de transições, a maioria dos dias são momentos comuns. O almoço em família, o beijo do filho, a briga do casal, o jogo de futebol da semana.E os dias passam, e eles correm, e eles precisam ser vividos. Quem sofre por não viver algo novo todo dia acaba por não respirar o simples. Sabe o vento batendo no rosto? O olhar para o céu e poder ver a chuva cair. Afinal, quando foi a última vez que você tirou os olhos do celular e observou a vida?
Entenda, a vida acontece no ordinário. Gosto muito do pensador G.K Chesterton, que tinha uma grande apreciação pelo ordinário, pois ele enxergava na vida comum a beleza e os milagres constantes do ato de se estar vivo. Uma de suas frases dizia que uma das coisas mais extraordinária da vida era um homem comum, com sua esposa comum, com seus filhos comuns vivendo uma vida simples. A vida é no ordinário, e feliz aqueles que reconhecem a beleza na rotina e no ato de viver e conviver. Eu amo o ordinário de encontrar um amigo que não se via a muito tempo na rua. Amo o ordinário de ir ao mercado e encontrar o sorriso de uma criança para mim. Amo o ordinário de ouvir a minha filha acordar e poder pegar ela no colo para vivermos mais um dia juntos. Como é bom o ordinário de ver um casal de idosos juntos passeando na praça. Que delicia o ordinário de poder dormir com sua amada todos os dias. A vida é boa e cheia de oportunidades, ou como disse a atriz Fernanda Torres um dia desses, a vida presta. Mas tem um detalhe, é só para quem sabe viver.


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