No ano de 2010 estava com 23 anos, e já estava integrado ao mercado de trabalho, tendo passado inclusive pela General Motors, que acabou me dando a oportunidade de comprar um carro. Acontece que por conta de uma crise mundial acabei saindo da multinacional para trabalhar em uma outra metalúrgica, da qual não gostava nenhum pouco. Aproveitando que a Copa do mundo estava chegando, tomei uma decisão. Fiz as contas e pedi para ser demitido, para pegar o seguro desemprego e assim poder assistir a Copa em casa. Um outro ponto da minha vida é que estava namorando, mas antes do torneio começar o namoro terminou. Ainda bem que tinha os jogos da seleção para poder mudar o foco, mas o problema é que estava com muitas dificuldades para torcer para esse elenco convocado por Dunga.
Depois da bagunça que foi em 2006, a CBF decidiu que a seleção precisava seguir uma linha dura e ter no elenco apenas jogadores comprometidos e que não viviam de festa e balada. Para essa missão o ex jogador Dunga assumiu o comando do Brasil, e convocava apenas jogadores que estavam fechado com ele. Sendo assim, ele deixou de fora da Copa do mundo nomes como Ronaldinho e Adriano, além das jovens promessas brasileira, Neymar e Ganso, que estavam fazendo chover jogando no Santos. Isso gerou em mim desanimo, pois sem os craques, estava com dificuldades de torcer para o Brasil. Isso começou a mudar conforme as partidas foram acontecendo. Ainda assim, estava nervoso com Dunga. Como não convocar Ronaldinho? Como não apostar nos meninos da vila? Sem eles, o trio ofensivo da seleção era composto por Kaka, Robinho e Luis Fabiano. As duas primeiras partidas eu assisti no prédio da igreja, com muitas pessoas fazendo barulho, onde pouco ouvia da narração, o que incomodou bastante. Com partidas mornas, o Brasil estreou derrotando a Coréia do Norte por 2 a 1 e em seguida a Costa do Marfim por 3 a 1, com ótimas partidas de Elano, que infelizmente se machucou e ficou de fora do restante do torneio.
Não gostei de ver os jogos com tanta bagunça, então decidi ver a terceira partida contra Portugal em casa. Vi sozinho, um zero a zero sem Kaka estar presente em campo. A Copa do mundo da África ficou famosa pela barulhentas Vuvuzela e pela música tema cantada por Shakira, mas ela só ficou legal para mim a partir da fase eliminatória. Foi só então que decidi que iria abraçar a seleção brasileira e torcer pelo time comandado por Dunga, que vivia em atrito com os jornalistas. O jogo pelas oitavas de final foi contra o Chile, que acabei assistindo na casa do eu amigo Tiaguinho, junto com outros amigos e a mãe dele, sempre muito engraçada. O Brasil jogou muito bem e não deu chance para os chilenos. Com gols marcado por Juan, Luis Fabiano e Robinho, estávamos garantidos na próxima fase. O jogo mais divertido foi contra a Holanda, infelizmente o da nossa desclassificação. Assisti na casa do Tiaguinho, junto com o Washington e a dona Cida. Abracei de vez a seleção brasileira e comemorei o gol marcado por Robinho e o domínio no primeiro tempo. Mas na segunda etapa o desastre veio, com a expulsão de Felipe Melo e a saída errada do goleiro Julio Cesar, causando a vitória holandesa por 2 a 1, após virar a partida. O melhor veio depois do jogo, que mesmo como Brasil perdendo, fizemos a nossa festa. O Tiaguinho voltou ao trabalho, ficando apenas eu e o Washington com a Cida cantando várias músicas, dançando e contando histórias. O Brasil foi eliminado, mas nos divertimos no pós jogo. Foi nessa Copa que comecei a gritar da janela "A Copa é nossa", uma frase que grito até hoje em Copas do mundo.
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