Seguidores

Tecnologia do Blogger.

Visitantes

P.A Entrevista #34 - Victor Pradella

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Batemos um papo muito legal com o guitarrista e vocalista Victor Pradella, que com sua banda Muro de pedra tem produzido músicas inteligentes e com muita relevância, tanto para o ambiente Cristão, como também para o ambiente secular, apesar de não existir tal separação para o nosso entrevistado. Victor também foi guitarrista da banda de Rodolfo Abrantes, participando de vários projetos com o ex vocalista do Raimundos. Em nossa entrevista Victor nos fala sobre a carreira de músico, o quanto a sua fé influencia em seus projetos e como ele enxerga a música nos dias de hoje. Vamos lá:


1-) Como a música entrou na sua vida? Como você decidiu que iria viver disso?
A música já fazia parte da minha vida antes mesmo de eu entender o que era vida. Cresci ouvindo meu pai cantando e tocando em casa. Trocando os Vinis na agulha 3 em 1 Gradiente. E além do meu pai, sempre tinha gente tocando e cantando nas reuniões familiares. Comecei a tocar cedo, com nove para dez anos. Com quinze participei de uma banda do meu primeiro festival de música popular brasileira interpretando uma canção do pai de um amigo. Ganhamos o terceiro lugar e foi a primeira vez que ganhei um troco tocando. Decidi que iria viver profissionalmente de música depois de já estar trabalhando com isso. Eu tinha vinte anos e ainda estudava, quando comecei a fazer uma grana que era suficiente para pagar umas contas. Eu não tinha muitos compromissos financeiros nessa época e logo conseguia pagar meu aluguel, bancar minha comida e colocar crédito no meu Celular. Foi quando decidi largar os estudos para seguir carreira.

2-) No mundo Cristão muito se discute sobre música secular e música Cristã. Qual a sua opinião sobre isso?
Não acredito nessa divisão, acredito que existe música boa e música ruim. Música que me faz pensar, música que faz deixar de pensar, música que fala do que eu acredito e música que não. Essa "divisão" foi criada muito tempo depois da própria música. Como classificaríamos músicas de grandes compositores como Bach ou Mozart uma vez que não tem letra? A música instrumental, o Jazz e a música brasileira ficariam de fora dessa classificação por não terem letra também. Portanto essa divisão não existe para mim. Eu escolho o que vou ouvir de acordo com o momento. Acho que existe sim uma classificações culturais por gênero. Por exemplo, quando eu ouço um Samba, sei que é um Samba pelas características musicais presentes, pois o ritmo e a harmonia são característicos. Assim como quando ouço Rock, onde as guitarras distorcidas e o formato agressivo me dizem que é Rock. Porém não acredito que a religião seja gênero musical, acredito que um Sambista pode escrever um Samba falando a respeito de sua fé, assim como um Rockeiro também. Para mim continuaria sendo um Samba e um Rock.

3-) Quais as maiores dificuldades encontradas na carreira de Músico no Brasil?
Não é só no Brasil, a carreira do Artista é árdua em qualquer lugar do mundo. Talvez a grande diferença que enxergue das demais profissões é que para obter informações para se capacitar não é tão simples. Um diploma acadêmico raramente vale alguma coisa no mercado de trabalho. Os grandes músicos e produtores musicais que conheço e que atuam de forma relevante no mercado fonográfico atual, não fizeram faculdade. A segunda coisa é saber lidar com a instabilidade financeira. Como eu nunca trabalhei com outra coisa, para mim é bem natural lidar com isso, mas eu nunca sei exatamente quando e nem quanto vou ganhar por mês. Em um mês que eu trabalhe bastante, eu sei que preciso guardar dinheiro porque no próximo mês talvez eu não tenha tanto trabalho, consequentemente não faça tanto dinheiro para as contas. Fora isso, acredito que seja como qualquer outra profissão. Os bons profissionais, que fazem o melhor trabalho, se relacionam bem, tem autenticidade e lidam com pressão se destacam, ganham bem e sempre tem trabalho. O mercado fonográfico esta totalmente ligado a Internet atualmente, portanto o Artista tem que se atualizar constantemente, não adianta só tocar bem. Conheço músicos que são tecnicamente impecáveis, mas não sabem se filmar, fazer uma boa foto para divulgar o seu trabalho, não entendem nada sobre Streaming, Marketing digital, estratégias de lançamento. Essas coisas são tão importantes hoje em dia, talvez até mais importante do que tocar bem o seu instrumento.

4-) O quanto estar envolvido com Deus e a Igreja influenciam na sua música? 
A minha fé em Deus influencia a forma que encaro a minha vida num todo, consequentemente a minha vida profissional. Eu acredito que a missão nessa terra é ser Artista, é fazer música para inspirar pessoas e fazer com que enxerguem a beleza e o valor da vida. Também é para desafiar e colocar uma pulga atrás da orelha das pessoas, para que pensem fora da caixa e enxerguem a vida com outros olhos. E eu faço isso compondo e cantando a respeito do que eu acredito e vivo. Minhas músicas estão sempre ligadas a minha fé, mesmo aquelas que não falam diretamente a respeito de Deus. Minhas músicas mais ouvidas são as que fiz para minha mulher, que não deixam de ser músicas de gratidão a Deus pela graça que me concedeu de compartilhar a minha vida ao lado da mulher que eu amo. Além disso, aplico a ética Cristã no meu trabalho, fazendo o melhor trabalho que eu puder, cobrando um preço justo por isso, não passando por cima de ninguém. Por isso, estar envolvido na Igreja desde criança foi fundamental para a minha formação de músico. Cresci com meu pai tocando clássicos do Blues e do Rock em casa, mas foi na Igreja que aprendi a tocar e não apenas ouvir música. A Igreja te obriga a ouvir estilos diferentes, novas sonoridades com músicas que jamais eu escolheria ouvir. Me lembro que toda semana precisava aprender músicas novas. Fora que algumas vezes você não havia ensaiado, estava sem o seu instrumento e você chegava em uma reunião e alguém te puxava para tocar porque fulano faltou. Ser colocado no fogo constantemente foi fundamental para saber lidar com a pressão. Estar exposto, aprender a lidar com o palco, com o público. Todas essas coisas eu experimentei na Igreja e foram fundamentais como base para minha carreira.

5-) Você acredita que existe espaço para novas Bandas? Quais dicas você daria para aqueles que querem investir na carreira de Músico?
Obviamente que sim. Eu ouço várias Bandas novas toda semana. E tem muita gente boa fazendo música nova. Da para se perder nas recomendações de artistas relacionados no Spotfy. Acho que falta para os músicos entenderem um pouco mais sobre o mercado além de fazer boa música. Fazer música boa é o minimo para para quem quer fazer disso uma carreira profissional.  Os artistas precisam estudar sobre estratégia de lançamento, Marketing digital. Acho que um conselho que eu daria para os Artistas e Bandas é que não gastassem todo o seu dinheiro na produção musical do projeto, mas que pensassem que um bom Clipe é tão importante quanto gastar dinheiro com Marketing para impulsionar o lançamento também.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

 

POPULARES DA SEMANA