Fernando Sabino é um dos melhores escritores do Brasil, que consegue unir tanto a boa prosa em seus livros, como também as crônicas, em que retrata muito sobre a sua vida em Minas Gerais. Lançado no ano de 1982, Sabino traz em seu livro memórias ficcionais de quando criança, contando suas peripécias e descobertas quando menino em Belo Horizonte. Além de falar sobre a vida de criança e descobertas, Fernando Sabino narra sua maturidade em desenvolvimento e traz reflexões sobre o ato de crescer. De forma bem leve, o autor mistura a realidade e a fantasia em capítulos curtos.
Podemos dizer que o livro é composto de crônicas que retratam a infância do escritor, e assim, temos uma conexão com ele e também com Belo Horizonte, como se nós mesmos estivéssemos lá na boa terra mineira. Tudo começa com a crônica que traz o título do livro, "O menino no espelho", de quando Fernando descobriu o seu reflexo no espelho e criou assim uma fantasia em sua mente, de que existia uma outra criança dentro dele. Vemos aqui a imaginação infantil e a bisca por escapar da realidade. Isso era muito comum nas crianças que cresceram sem a tecnologia da internet, que inventavam suas próprias brincadeiras em dias que pareciam passar mais devagar. Em "As primeiras aventuras", Fernando se mostra sendo um menino curioso e travesso, que soube aproveitar a infância, sempre procurando algo interessante e divertido para se fazer. "A fazenda" é sobre os dias que passava na fazenda de seus avôs, e assim teve várias descobertas, conhecendo animais, matas e a liberdade da natureza.
Seguindo com suas crônicas, temos "O trem fantasma", relatando quando Sabino e seus amigos exploraram trilhos de trem, e criaram uma fantasia de um trem que poderia vir a aparecer a qualquer momento. Os primeiros sinais do amor e afetividade também são relatados, como em "O beijo em Teresinha", pois ele queria muito dar um beijo na sua colega de escola, mas não tinha a malicia de chegar nela e conquistá-la. O encanto por filmes ganha uma crônica, com "O herói de cinema", com o garoto sonhando com tudo aquilo que ele via nas telas gigantes do cinema, se vendo como protagonista de grandes aventuras. A infância de Fernando se parece um pouco com a minha, em termos de imaginação e invenção de brincadeiras, como a relatada em "A guerra de mamona", falando sobre suas batalhas épicas com os amigos. "O grande amigo" relata o autor e sua amizade com um cachorro. Fernando Sabino segue durante o livro falando sobre a descoberta da leitura, sua traquinagens de criança e por fim em "Despedida da infância", que traz o escritor percebendo que está crescendo, pois o menino do espelho não aparece mais como era antes. Sabino entende e nos passa a mensagem de que a infância não será eterna, mas que ficara guardada na memória. O livro termina com a sensação de que a infância é mágica, mas de forma inevitável, ela vai embora. O espelho é apenas o simbolo dessa passagem de tempo.


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