Em uma casa com criança, tudo é possível de acontecer. Você desliga um pouco a atenção e a pequena criança pode estar dando um salto mortal, pulado do sofá para o chão como se fosse algum tipo de ginasta, mas na verdade ela ainda não sabe, mas está testando o coração dos pais. Atravessando o assunto, nunca escondi que gosto muito de música japonesa. Não sei o porque, mas a melodia, a forma de cantar, me prendem, e misturando isso com a cultura japonesa, da qual sempre gostei, sou como minha filha pulando do sofá. Enquanto ela acha que é atleta, eu fico sem entender nada o que cantam os cantores japoneses.
Esses dias a minha filha se superou, enquanto ela estava brincando com várias coisas, ou seja, os brinquedos que não são dela, no caso, o meu celular. Enquanto a visita estava em casa, lá estava a minha menina com o meu celular para lá e para cá. Até que quando a visita foi embora, percebi que o meu celular sumiu. Onde estaria o meu bendito celular? Adivinha só, dentro da sacola da visita, que foi embora levando o seu pacote com um brinde, o meu aparelho com meus queridos aplicativos e meu vicio de olhar para ele todo dia. Poderia esperar o dia seguinte para buscá-lo? Sim. Eu fiz isso? Claro que não, o vicio em ter um celular em nossas mãos nos leva a fazer loucuras. Decidi que iria atrás dele, e assim, parti atrás da minha visita, em um local que eu não sabia chegar, sem um GPS para guiar. Isso me levou de volta aos anos noventa, quando eramos guiados pelos enormes cadernos de localização. Falando em música japonesa novamente, anos noventa me lembra de City Pop, um estilo de música que fala sobre a noite na cidade grande japonesa.
Aprendi que as coisas são o que são, não adianta ficar se estressando ou ficando nervoso com acontecimentos incontroláveis. E veja bem, minha filha colocar um celular em uma sacola não foi algo controlável. Aconteceu, e assim, meia noite estava com meu Celta dirigindo pelas ruas da noite de Santo André, que nem de longe parece as noites de Tóquio, mas na minha cabeça, valia a pena pensar que sim. Dirigindo pela Dom Pedro estava tudo bem, mas ao chegar na Perimetral, eu não sabia para qual lado virar o carro. Era arriscar se enfiando naquelas ruas e ver se achava a tal da rua que estava meu celular. Me perdi mais ainda, mas de repente, achei um jovem com um celular na mão. Foi ele que ligou o gps dele e me ajudou a encontrar a rua que eu procurava. Na minha cabeça, poderia ser um personagem de anime, ajudando o herói(no caso eu,rs), a finalizar a sua missão. Finalmente cheguei no lugar, peguei meu celular e na volta, não teve jeito, precisava colocar uma música. Vendo as luzes, a noite da cidade grande, os prédios, não teve jeito, decidi colocar City Pop para tocar no caminho de volta. Dirigi de forma calma, pelas ruas de Santo André, olhando as luzes e imaginando que estava em Tóquio, com um som da boa música japonesa. Obrigado minha filha, esconder meu celular me levou a uma experiência japonesa nas ruas do ABC paulista.
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