Se você ouviu o primeiro álbum do Maglore, esqueça tudo, pois em seu segundo disco a proposta é totalmente diferente. Se o rock e as baladas românticas faziam parte do setlist da banda, aqui eles apostam ´na brasilidade, na mistura de sons. Dificilmente uma banda muda o seu conceito de um trabalho para outro em seus primeiros anos. Geralmente elas fazem isso depois de quatro ou cinco álbuns, já tendo o seu conceito e seu público bem estabelecido. Mas o Maglore apostou tudo na mudança e conseguiu alargar o seu alcance para um outro público, misturando MPB, rock e outros estilos musicais que compõem o Brasil. "Vamos pra rua" é uma viagem musical pelo nosso país.
Se no primeiro disco havia a força da juventude, aqui em "Vamos pra rua" temos a maturidade daqueles que aprenderam a sair de casa e podem passear tranquilamente sabendo quem são e para onde querem ir. Como o verso de uma das canções diz "Gosto de apartamento, mas já é hora de andar, vamos pra rua". A primeira música se chama "Demais baby", com um estilo mais pop, já anunciando a mudança de som que a banda estava propondo. Gosto muito de "Avenida sete", que nos leva para um passeio pelas diversas ruas da cidade, em um tom bem gostoso de se ouvir, como se estivéssemos em uma caminhada matinal. "Motor" acaba sendo uma metáfora entre sobre sentimentos, falando que ele é como um motor escondido dentro de um carro. As canções são chias de brasilidades, muito por terem sido escritas durante a turnê do primeiro disco, ou seja, as letras foram escritas enquanto andavam pelo Brasil fazendo shows. "Vamos pra rua" nos traz versos bem conectados, fazendo uma leitura perfeita daquilo que o disco quis apresentar.
Finalmente encontramos a guitarra em uma das músicas. Ela chega m "Beagá", que fala muito sobre Minas Gerais, homenageando o estado mineiro, ao discorrer sobre o local e as pessoas. Em "Nunca mais vou trabalhar" o Maglore conta com a participação do cantor Wado, que é o representante nordestino nessa viagem da banda pelo Brasil. Uma outra canção bem trabalhada e em um ótimo tom é "Beleza de você", que fala a respeito da pele negra. A música "Debaixo de chuva" é uma experimentação musical, onde a letra fala sobre estar debaixo de chuva esperando o trem, mas ele não vem e a chuva cai. É incrível como o Maglore conseguiu unir tantas coisas do nosso país em um álbum, onde cada canção acaba representando um pedacinho do nosso Brasil. Se pudesse dar uma resposta do que seria esse disco, que diria que ele é muito Brasil, muito o nosso povo, bastante a nossa cara. Por fim, temos "Sobre tudo o que diz é adeus", que ´mais intimista, onde m certo momento ela me faz lembrar daquelas músicas dos Beatles mais psicodélicas cadenciada. O Maglore chama o público para ir para a rua, e a experiência é muito boa.
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