O labirinto dos espíritos

Carlos Ruiz Záfon encerra a sua jornada na trama do "Cemitério dos livros esquecidos" através da sua quarta obra, que acaba fechando as peças de toda trama criada por ele desde seu primeiro livro, "A sombra do vento". Em "O labirinto dos espíritos" voltamos para Barcelona dos anos de guerra civil e pós guerra acompanhando a família Sempere e os escritores malditos da cidade. Todas as linhas cruzadas encontram seu lugar certo e Záfon consegue finalizar de forma explendida a sua trama, com mais de setecentas páginas, onde nos deliciamos com novos personagens e aqueles antigos que já conhecemos e parecem ser amigos de longa data. Vamos adentrar nesse texto na conclusão da história dos Sempere.

Toda trama envolvendo os Sempere e Mauricio Valls ganha um novo capitulo quando o rico e mentiroso antagonista acaba desaparecendo após receber diversas ameaças ao longo do tempo. Valls acaba ficando preso em uma cela e vai se desformando aos poucos, achando que tudo isso é um plano de vingança de David Martín. Em meio a isso temos a jovem Alicia, que trabalha com investigações paralelas, que é chamada pelo seu chefe Leandro para uma última missão, a de encontrar Valls. O livro então nos leva ao passado e sabemos que Alicia foi salva na infância por Fermín, mas acabou tendo um acidente onde machucou o quadril, sofrendo dores terríveis ao longo da história. Logo nos apegamos a ela, e assim Alicia é aquela que consegue ligar todos os pontos criados ao longo da série de livros. Sim, um novo escritor maldito de Barcelona nos é apresentado Victor Mataix, que escreveu a série Labirinto dos espíritos, mas que sumiu de forma misteriosa, sendo um amigo antigo de David Martin. Finalmente entendemos o que aconteceu com David Martín, que na verdade se apaixonou por Isabela Sempere naqueles anos e teve um caso com ela, concebendo assim Daniel. Tudo isso Alicia acaba descobrindo quando encontra uma carta de despedida deixada por Isabela, que foi envenenada por Valls.

Na verdade não foi Martín que prendeu Valls, mas tudo era um plano de Leandro, que é uma pessoa fria, conseguindo enganar até mesmo Alicia, que passa por muitas dores e problemas ao longo da trama. Fermín como sempre é o escape para a boa comédia espanhola, que fica espantado ao ver que a jovem esta viva. A presença de Alicia perto dos Sempere é conflitante, já que mexe com Daniel e com seu casamento com Bea. Sim, temos o momento do Cemitério dos livros esquecidos, sendo apresentado para Alicia, onde ela acaba conhecendo Isaac e é ali onde ela mata o inspetor Hendaya. A cada página vemos toda a enrolação criada por Leandro para simplesmente apagar Valls que acaba sendo dado como morto. Alicia consegue finalmente matar Leandro e poder ser uma pessoa livre, após também desvendar que Victor Mataix teve sua família destruída com sua prisão e suas filhas sendo entregue para famílias ricas. Uma delas inclusive é Mercedes, que foi criada por Valls. A mais velha relatou que David Martín morreu, ainda sendo atormentado pelas vozes de sua mente. Daniel finalmente descobre quem é seu pai e tem a oportunidade de matar um deformado Valls, mas não o faz, o deixando morrer por si próprio. Fermín finalmente assume a função de responsável pelo Cemitério dos livros esquecidos, e Alicia vai embora, deixando tudo para trás. O fim do livro é um relato de Julian Sempere, o filho de Daniel e Bea. Vemos sua jornada para conseguir publicar quatro livros contando toda essa trama dos Sempere, com a ajuda de um velho conhecido, Julian Carax. Nos despedimos da Barcelona apresentada por Záfon leve e com sensação de tudo resolvido, assim como Alicia, que manda um último cartão postal em 1992, mostrando que finalmente encontrou a paz que sempre procurou. Obrigado Záfon, essa obra escrita é incrível.