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Quem comeu meu chocolate?

domingo, 9 de julho de 2023

Dona Vera era uma mulher de setenta anos. Cheia de manias, estava viajando com seu filho Tiago e sua nora Bety. Não era fácil lidar com Dona Vera, sempre atrás de uma polêmica e sempre reclamando de alguma coisa. "Ta frio" ela dizia quando batia um leve ventinho pela janela. "Nossa, que calor" ela gostava de reclamar logo que o pequeno raio de sol batia no seu ombro. Nada agradava a Dona Vera e seria um desafio para Bety ter que lidar com ela. Aquela senhora também possuía muitos gostos pessoais. Só gostava de feijão vermelho, não gostava do barulho de crianças e tinha uma preferência, o de comer apenas chocolate branco, pois dizia que o chocolate preto fazia mal para o seu estomago sensível, que a qualquer sinal de dor, já obrigava o filho Tiago a levá-la ao médico.


Caio era uma criança como qualquer outra. Corria, chutava bola na parede, deixava a mãe nervosa. Não adiantava brigar com Caio, porque cinco minutos depois, estava correndo de novo. "Deixa ele", era sempre o que seu pai Marcio repetia. "Criança é assim mesmo, se estiver quieta é porque esta doente". O casal e o filho também estavam indo para Campos do Jordão, e ao chegarem no hotel, ficaram no mesmo andar em que estavam instalados Tiago, Bety e Dona Vera. "Que menino chato", foi o primeiro comentário da Dona Vera, que reclamou ao ver Caio fazendo barulho com a boca. Os dois casais, com a mesma faixa de idade, logo fizeram amizade e começara a conversar e saíram juntos para conhecerem os principais locais da cidade. "Vamos, não aguento ficar perto da sua mãe por muito tempo" disse Bety ao esposo. Dona Vera, reclamona, ficava dentro de casa, dizendo que nunca tinha visto um lugar tão frio como aquele. Durante aquela saidinha de casais, Bety aproveitou e comprou muitos chocolates variados, e claro, Tiago se viu na obrigação de comprar chocolate branco para a sua mãe, que como sabemos, não come chocolate preto.

Tudo estava muito tranquilo, até que Bety ao buscar o seu chocolate favorito dentro da bolsa, não o encontrou ali. Corre daqui, procura dali, e nada de encontrar o tal chocolate. "Ainda bem que não estou grávida" pensava Bety. Como poderia um chocolate sumir assim. Dona Vera, sempre atenta a tudo, já sabia quem havia sumido com aquele doce. "Foi aquele menino", "Que menino mãe?" perguntou Tiago. O casal já sabia, ela estava falando de Caio. Não era impossível, o menino realmente era muito arteiro, sempre com cara de quem estava aprontando. No dia seguinte, Bety começou a observar melhor e sim, estava claro. Havia sido Caio o autor de tamanho assalto. Um chocolate tão caro e tão gostoso, com certeza aquele garoto se aproveitou e pegou o doce de Bety.

- Nossa que dor de cabeça - A primeira frase da Dona Vera logo cedo.

- O que foi mãe?

- Ah filho você sabe, mamãe não pode ficar assim tanto tempo em lugar frio.

"Engraçado" pensou Bety, "No ano passado reclamou que a areia da praia incomodava e que o calor estava muito forte". Não adiantava, nada estava bom para a senhora e seus setenta anos de vida, cansada de tudo e suportando a todos. Para piorar, passava Caio correndo e chutando uma bola pelos corredores do prédio.

- Ta vendo Bety - rapidamente Dona Vera melhorou da dor - foi esse menino. Esta sempre aprontando.

- Para de julgar mãe- Gritou Tiago.

- Ai, ai, ai. Menino mal criado. Minha dor de cabeça voltou.

"De novo ela esta usando essa tática", pensou Bety. Dona Vera teve uma ótima ideia, tinha um remédio na bolsa que poderia curar a sua dor. Rapidamente pediu para a sua nora buscar o comprimido dentro da sua bolsa. Bety, querendo apenas se livrar da chatice de sua sogra, foi até a bolsa da Dona Vera. Quando Bety abriu a bolsa, viu alguns papeis de chocolate, e rapidamente reconheceu que era o seu pacote de chocolate preto. "Como assim, esta comido?". "Não é possível, ela não come chocolate preto". Bety entregou o remédio para sogra e seguiu calada. A noitinha, contou tudo para o esposo, que dava risadas, sem acreditar no que estava ouvindo. 

No dia seguinte era o dia da despedidas. Marcio e a esposa se despediram de Tiago, Bety e Dona Vera. A senhora ao se despedir de Caio, lhe disse "Se comporte menino, não seja desobediente". Ao ouvir isso, Bety não acreditava que a sogra chegou ao ponto de acusar uma criança de um roubo. Tiago, já acostumado desde criança com a mãe, já nem se importava mais. No caminho de volta, já dentro do carro e com Dona Vera reclamando do transito, Bety resolveu tocar no assunto, apenas para provocar.

- Nossa, e meu chocolate, nada de aparecer. Pelo jeito nunca vou saber quem foi.

- Essa geração de hoje ta perdida minha filha. Ainda bem que eu só gosto de chocolate branco, se não, até pediria para comer um pedaço do seu. Mas pegar de você? Jamais. Essa criançada de hoje não é fácil mesmo.

Sem um pingo de vergonha, Dona Vera caia no sono e roncava por todo o caminho, para no fim da viagem dizer que estava cansada e não teve tempo para dormir.

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