O brasileiro se sente o dono do futebol, achando que possuí o melhor estilo de jogo do mundo. Isso tudo porque somos penta campeões mundias e lançamos os melhores jogadores da história do esporte. Por muitos anos nos garantimos em cima do talento e apenas isso. Faltava um bom esquema tático e uma transição de jogo correta. Mas sempre achamos isso uma besteira, coisa de europeu. O problema é que os anos foram passando e não ganhamos uma Copa desde 2002, o que é muita coisa para a seleção brasileira. Temos apenas Neymar como grande nome do país. Neste ambiente, surge uma imigração de treinadores europeus no Brasil, e Abel Ferreira nos faz refletir um pouco sobre o que esta acontecendo.
Em 2019 o Flamengo surpreendeu e trouxe o português Jorge Jesus para comandar a equipe. O que vimos foi uma revolução no futebol nacional. As peças se encaixaram, o jogo do time ficou rápido e com um toque de bola envolvente e ofensivo. Os resultado foram os títulos da Libertadores e Brasileiro no mesmo ano. Jesus foi embora e em 2020 um novo português desembarcou no Brasil, o desconhecido Abel Ferreira. Até aqui o saldo é muito positivo, pois com menos de um ano de clube ele já venceu uma Libertadores e uma Copa do Brasil, além de estar novamente na final do torneio continental. Acontece que Abel propõe um outro estilo de jogo, sendo mais reativo, colocando a equipe para trabalhar no contra ataque e velocidade. Com uma defesa muito forte e um meio campo bem composto, o Palmeiras tem uma das equipes mais equilibradas do Brasil, mesmo não sendo o futebol mais bonito de se ver. Sendo assim, mesmo com os bons resultados, o português vive sempre na pressão de ser demitido, mostrando infelizmente uma péssima característica do futebol brasileiro.
Quando o Palmeiras venceu o Atlético-MG e se classificou para a final da Libertadores, vimos Abel explodindo de emoção e raiva, pois sente a pressão indevida sobre ele. Na entrevista coletiva inclusive, já vemos um treinador esgotado, que não vê a hora de sair. Mas por quê tudo isso? Porque infelizmente no Brasil não damos tempo para um treinador imprimir seu trabalho na equipe a longo prazo. Olhe só o caso do Abel, que não teve jogos com torcida, não tem nem um ano de clube e sofre criticas e pressão de demissão quando perde uma partida. Ele possuí erros e merece criticas? Sim, como todo ser humano, mas isso não justifica o imediatismo por resultados rápidos. O que ele vem conseguindo no comando do Palmeiras é incrível, onde ele é o melhor treinador da equipe nesta década. Contra o Atlético-MG vimos um técnico estratégico, um verdadeiro jogador de xadrez, que sempre buscou fortalecer o mental dos jogadores. E sim, deu resultado, pois a equipe demonstrou frieza para reverter o placar. Não é sorte, e sim um bom trabalho. Abel Ferreira mostra como somos injustos com os treinadores, quando na verdade deveríamos aprender com os treinadores estrangeiros uma visão tática diferente, para quem sabe absorver e aplicar em todo país, refletindo assim em títulos para a seleção nacional.
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