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Naquele banco

sábado, 27 de novembro de 2021

Gabriel estava apaixonado, isso era um fato. Ele ainda se lembrava de como tudo isso aconteceu. Sim, nunca pensou que de repente um sentimento como esse poderia ter se apegado nele. Logo ele, conhecido como machão, aquela pessoa que nunca iria se apaixonar. Se apaixonar é sofrer, e isso ele não queria. Mas aconteceu, e ele não escondia de ninguém o que estava sentindo. Era nítido, estava apaixonado por Paula. Como tudo começou? Ao vê-la dançar em uma apresentação que assistiu em um Teatro. Olhou para ela e sentiu algo bom. Amor a primeira vista? Não, porque ele já conhecia Paula, mas nunca tinha conversado com ela.


Paula não era fácil de se conquistar, apesar dela já ter tido namorado e ter leves romances com outras pessoas, que Gabriel até conhecia. Mas a pergunta martelava em sua cabeça. Como pode? Do lado dele tanto tempo e um dia ele acaba se apaixonando. Gabriel quis se aproximar, primeiro através dos amigos em comum, mesmo que os assuntos muitas vezes não eram compatíveis. Mas Gabriel aprendeu a se adaptar. Foram novas conversas, novos lugares e novos amigos. Tudo por causa dela. Tudo por causa de Paula. Os dois começaram a conversar e pareciam estar dando certo. Gabriel tinha certeza disso, o papo entre ele e Paula fluía bem, e ela parecia estar na dele. Aos poucos foram conhecendo um ao outro, os sonhos, os objetivos, os medos e os problemas. Paula começou a ver no Gabriel uma pessoa com quem podia desabafar. Com ele, a garota podia ser livre, ser quem de fato era de verdade. Ainda assim, Paula não era boba, sabia que Gabriel queria algo mais. Os dois combinaram de sempre se encontrarem no banco da praça da cidade. Quando queria se falar, ali era o ponto de encontro. Gabriel adorava isso, queria que essas conversas fossem todo dia e durassem muito tempo.

- É muito bom conversar com você - dizia Gabriel - eu queria que o tempo parasse e pudéssemos ficar aqui conversando para sempre.

- Eu também - Paula falava com um sorriso que conquistava o garoto completamente. Ele só queria beijá-la. Apenas isso.

Aquele banco se tornava um personagem da história entre os dois. A cada dia a conversa melhorava e a intimidade aumentava. Paula contava sobre suas frustrações e problemas familiares, enquanto Gabriel falava sobre seus medos bobos. Houve um dia em que ele tomou coragem.

- Paula. Tenho que falar a verdade. Eu amo você.

Ela ficou olhando abismada. Por mais que tinha percebido os sentimentos dele, ela não estava pronta para aquele declaração. Seus olhos se encheram de lágrimas, ela não sabia o que fazer com os sentimentos do Gabriel e tão pouco com suas próprias emoções. O jovem tentou se aproximar, passou as mãos nos cabelos dela. Ele queria um beijo, mas por respeito, nada fez. Ela preferiu ir embora e cada um foi para seu lado, com aquele banco assistindo cada um indo para o lado oposto.

Os dias passavam e os dois não se encontravam mais. Como seguir de agora em diante? Gabriel a amava, nunca tinha sentido isso antes. Por outro lado Paula estava confusa, com um misto de dúvidas e sentimentos. Os amigos em comum sabiam do que estava acontecendo, percebiam algo diferente no ar, mas como bons expectadores seguiam apenas como expectadores. Houve um dia em que Gabriel e Paula se encontraram novamente. Com uma tensão nos olhares, foi dito aquilo que precisava ser dito entre os dois.

- Realmente você mudou a minha vida Gabriel, mas estava pensando. Será que alguém pode ser feliz enquanto o outro está infeliz? Me pergunto isso todos os dias.

- Entendi. Você ficaria comigo apenas por dó, mas não estaria feliz.

- Não é dó. Eu gosto muito de conversar com você. Existe sim um sentimento, mas ele não é amor.

- Tudo bem. Temos que seguir em frente. Só queria dizer que nunca amei alguém como amei você.

Os dois choraram juntos e se abraçaram. Realmente viveram um ano muito intenso juntos. Apenas no olhar sabiam o que o outro estava sentindo, mas tudo estava se encerrando naquele momento. No banco em que conversaram por tantas noites colocavam uma pedra na história dos dois. Se é que houve uma história. Pode ser que sim, mas apenas não com o fim que Gabriel desejava.

Não houve um beijo de despedida. Não teve um "até logo" ou um "nos falamos por telefone". Foi apenas um fim. Gabriel e Paula nunca mais conversaram, nunca mais contaram os seus segredos e seus sonhos um para o outro. Os anos se passaram e cada um seguiu o seu caminho. Alguns anos mais tarde Gabriel passou por aquele banco onde viveu aquelas histórias com Paula. Olhou e apenas sorriu. O banco estava vazio, e agora tudo era somente lembranças.

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