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A loucura e a ironia em O Alienista

segunda-feira, 21 de junho de 2021

Livros clássicos são uma ótima leitura, onde podemos ver o comportamento humano em sua essência. Geralmente, os clássicos são os produtos de uma época, um recorte daquilo que está acontecendo naqueles dias. Sendo assim, um dos melhores, se não o melhor escritor brasileiro, Machado De Assis, escreveu uma das suas mais importantes obras. Em O Alienista somos apresentados a Cidade de Itaguaí, onde vive o médico renomado Simão Bacamarte, que começa a fazer estudos na área da psicanálise. Após investigar o comportamento humano, Simão começa a entender que os moradores da Cidade estão ficando loucos e precisam de tratamento psicológico, passando assim a internar os moradores. Desta forma se inicia uma confusão na Cidade. Quem está louco? O tratamento funciona? Quem poderá parar Simão?


A escrita de Machado é muito boa, onde ele consegue situar muito bem a Cidade e os personagens dentro do contexto, além dele nos apresentar Simão como o Alienista, um homem com autoridade sobre Itaguaí, pois se ele diz que uma pessoa está fora de sua faculdade mental normal, logo é levado para a Casa verde, o Manicômio onde os loucos são internados. Simão não tem preferencia, ele interna qualquer um, chegando ao ponto de levar para o Manicômio um homem que simplesmente elogiou a sua esposa. Ainda não contente, também chega a internar a sua própria esposa em outro momento. Contra ele se levanta uma revolução liderada pelo Barbeiro Porfírío, que logo após chegar ao Governo acaba se aliando ao Alienista para manter a ordem em Itaguaí. Após lotar a Casa verde de supostos loucos, o médico acaba dando alta para todos os pacientes, e chega a conclusão que o louco na verdade era ele mesmo, e acaba se internando, para delírio da esposa e da população, que tentam lhe convencer do contrário. Com esta conclusão incrível, Machado De Assis conclui sua obra, que se observamos conseguimos refletir em vários pontos de sua história.

O tema "loucura" é presente em toda descrição do livro, que nos leva a questionar quem de fato é o louco da história. Simão se coloca como um homem que julga e que sabe de tudo, que conhece o comportamento humano. As suas ações causam muita bagunça na Cidade, e quando ele diz que todos estão lúcidos acaba fazendo com que a sua teoria seja colocado em dúvida. Ai entra a pergunta, será que ele já era louco ou se tornou após perceber que perdeu tempo com suas pesquisas? Ou ainda, será que não existe loucura nenhuma e o ser humano é do jeito que é e ponto final? É muito irônico vermos um homem que julgava todos ser o julgado no final, onde aprendemos um principio, não julgue ninguém, pois você não sabe como será o dia de amanhã. A politica também é presente em Alienista, já que as revolução sempre acontecem em busca do poder, mas quando ele é alcançado, logo se cria alianças para manter as coisas do mesmo jeito. Ou seja, se muda o líder, mas não a estrutura. Parecido com o nosso sistema politico de hoje em dia, não é mesmo? Machado com um livro curto consegue trazer tantas discussões e reflexões, mostrando o seu talento e como possuía uma visão a frente do seu tempo.

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