Em um espaço de quatro anos muita coisa acontece. E olha, de 2002 para 2006 muitas coisas aconteceram na minha vida. Acredito que foram os anos onde tive que amadurecer bastante, pois com 19 anos, já estava trabalhando, em uma firma que fazia acabamento em calça jeans. Seria a primeira Copa do mundo onde não poderia acompanhar a maioria das partidas, já que os horários das partidas eram no momento em que estava trabalhando. Ainda assim, nos jogos do Brasil, estava garantida a parada para assistir as partidas. Falando da seleção brasileira, era uma geração fantástica, cheia de craques. Com o apelido de quadrado mágico, onde tínhamos Ronaldo, Ronaldinho, Kaka e Adriano, a seleção brasileira era a grande favorita da Copa. Mal sabíamos que o gosto final seria amargo e frustrante.
A expectativa pré Copa era enorme, onde torcia fortemente para nenhum dos craques se machucar, principalmente Ronaldinho, que estava fazendo mágica jogando pelo Barcelona, chegando no torneio como o melhor jogador do mundo. Para termos uma ideia, até os treinos eram transmitidos, pois era muito jogador talentoso junto. Eu, um garoto que gostava de jogar bola, me inspirava no camisa dez para tentar repetir suas jogadas quando eu batia aquele futebol com os amigos. O jogo de estreia foi contra a Croácia, onde assisti em família, na casa da minha tia. Minha mãe e irmãos estavam lá, minha avós estava lá. Não tem como pensar em Copa e não recordar de minha querida avó. Como sempre, ela ficava dizendo "Deu gol?", e não conseguia ficar na frente da televisão para acompanhar o jogo. A vitória veio com um gol de Kaka, chutando de longe. Ufa, começamos bem, mas o time ainda precisava evoluir bastante. Como eu disse anteriormente, a minha vida havia mudado, e estava indo para a igreja já fazia dois anos, e junto com outros jovens, assisti as duas outras partidas da primeira fase dentro do prédio da igreja, no telão com o multimídia projetando os jogos. Ainda me lembro de jogar futebol na rua durante o intervalo dos jogos com os amigos, e assim vimos o Brasil vencendo a Austrália por 2 a 0, e ficamos zoando, pois se o Ronaldinho podia tropeçar na bola, nós também podíamos.
Contra o Japão, um jogo mais fácil, com Ronaldo finalmente marcando gols da vitória por 4 a 1, de virada. Eu ficava ansioso, pois queria ver o Ronaldinho driblar, dar o show que ele dava no Barcelona, mas isso não acontecia. Passando de fase, o desafio seria contra a seleção de Gana, que na opinião foi o melhor jogo do Brasil na Copa. Voltei a assistir em família e com minha avó presente, torcendo bastante. Ronaldo fez o gol que o levou a ser o maior artilheiro de todas Copas do mundo. Como eu disse anteriormente, era difícil ver jogos tendo que trabalhar. Sendo assim, teve o jogão entre Argentina e Alemanha pelas quartas de final que não teve jeito, faltei no trabalho apenas para ver a partida. E eu não me arrependo de ter feito isso. As quartas de final era Brasil contra França, onde finalmente tínhamos a chance de se vingar de 1998, da seleção que me fez chorar. Bem, só faltou combinar com os jogadores brasileiros esse mesmo sentimento. Assistindo no prédio da igreja com os amigos, ficamos com raiva ao vermos eles se abraçando com os franceses. Queríamos ver Zidane chorar, mas ele acabou com o jogo, jogando muita bola. O Brasil tentou, chutou, mas não marcou. Em uma cobrança de falta na área, Roberto Carlos falhou e Henry marcou o gol da vitória da França. Terminando o jogo, ficamos todos frustrados e com raiva. Teve um cara que disse "E agora, como vou comprar pão francês?", e demos risada. Após o jogo, fomos para a célula, mas chateados pela derrota brasileira. E o quadrado mágico? Não correspondeu as expectativas e vimos que talvez não se importassem tanto com a Copa.
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