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No túnel do tempo

domingo, 2 de julho de 2023

E se você pudesse voltar ao passado? O que você faria? Essa pergunta vivia na mente do Tiago, um homem já com seus quarenta e poucos anos. Será que teria deixado aquele emprego por conta de não gostar do chefe? Iria se declarar para a mulher da sua vida? São perguntas das quais ele nunca terá respostas. Ele também não sabe se iria ser coisa boa. Ver como era, depois voltar para ver como ficou seria uma baita frustração. Bom, pensou ele, "Isso é coisa de filme, estou lendo muita ficção cientifica". Tiago estava descendo as escadas da estação de metrô, e meio que sem perceber se viu em um lugar vazio. Cadê o resto do povo? Estou sozinho nessa estação? Um trem cinza chegou na plataforma. Vazio. Ele entrou, e foi uma das viagens mais loucas da sua vida.


O trem começou a andar e Tiago percebeu que as coisas estavam bem diferentes. Tudo vazio, um clima estranho. Do lado de fora, as imagens começavam a mudar. Saiu de cena aquelas paredes rusticas, comum debaixo da terra, para imagens que ele conhecia muito bem. Pela janela, Tiago começa a ver uma vida. A sua própria vida, o seu passado. Tiago se levantou, esfregou os olhos. Nada mudou. Uma vida passava do lado de fora. Era a sua vida, o seu passado.

- Mas o que esta acontecendo? - disse para si mesmo

Duas crianças jogando bola em um quintal. Dois rostos conhecidos, o seu e o do seu primo Betinho. Os dois fingiam que eram grandes jogadores de futebol, e diziam os nomes dos craques daquela época. 

- Vai Betinho, toca essa bola.

Um sorriso surgiu no rosto do Tiago. Estava feliz por ter uma imagem de sua infância. Ele era feliz, e sabia disso. Tinha vontade de sair daquele Metrô e poder se divertir com os garotos, mas de forma alguma a porta se abria. Ele só assistia tudo de longe, um vislumbre de um momento de sua história. Mais alguns instantes e uma nova mudança lá fora. Viu o nascimento do seu irmão. Como ele desejava ser um irmão mais velho. Assistiu o pequeno Diego brincando, aprendendo a andar, jogando futebol juntos.

Logo viu a sua escola. "Nossa, a quanto tempo que não via esse lugar", foi o que veio em sua mente. Quantos colegas que nem lembrava mais o nome, quantos professores que o ensinaram tanta coisa. Viu a Amanda, a menina que sempre gostou, mas nunca teve chance de dizer que a amava. Mas qual chance teria ele? Não era popular, e ela sempre gostou dos meninos de melhor condição financeira. Poxa que tempo bom. Como será que estariam os seus colegas de escola? Deram certo na vida? Estavam todos vivos? Acabou-se a escola e junto se foram os colegas. Bateu uma "bad" em Tiago, mas o Metrô não parava, parecendo que teria muito mais a mostrar.

E ele estava certo. Viu o seu primeiro beijo, os natais e festas em família. "Quando foi que nos separamos e ficamos tão distantes?". Tiago queria gritar para eles nunca se separarem, que brigar por coisas bobas não vale a pena. Mas ninguém iria escutar. Era a sua viagem, e apenas ele podia ver e ouvir o que se passava do lado de fora. Tiago assistiu o seu primeiro emprego, os tempos de metalúrgica. Chorou quando a imagem dos momentos com seus avós apareceram, ficou bravo com as injustiças cometidas contra ele, ficou envergonhado com as burradas que fez na vida.

- Eu amo você.

- Eu também te amo

Era a voz de Laura, a mulher com que havia sido casado, mas acabou se separando por coisas banais. Daria tempo para resolver as coisas com ela? Não no passado, mas talvez quando aquele Metrô parasse e a vida lhe desse uma nova chance. De repente o veículo foi diminuindo a velocidade, parou e a porta se abriu. Tiago desceu e viu a estação lotada, como de costume na cidade de São Paulo. Ele não entendeu o tipo de viagem que teve. Era uma alucinação de sua mente? Ele havia dormido no banco e sonhado com tudo aquilo? Ele nunca saberia e nunca teria as respostas. 

Tiago não conseguiu voltar no tempo e mudar nada. Tudo seguia da mesma forma e do mesmo jeito. Erros, acertos e tudo mais. Ele pegou o seu celular no bolso, enquanto subias as escadas em direção da rua movimentada. Chovia fino em São Paulo, e enquanto as pequenas gotas molhavam a tela do celular, mandou uma mensagem. Era para Laura.

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