A geração que não observa mais

Já faz algum tempo que percebo como a vida está correndo mais rápido. As vinte e quatro horas seguem sendo as mesmas que eram nos dias da minha infância, porém, parece que o tempo não basta mais. Acordamos e quando percebemos, já está na hora de dormir novamente, pelo menos para aqueles que dormem. Mas por que a vida ficou desse jeito? Acredito que é por conta da velocidade das coisas. Não repetimos mais nada, não experimentamos de novo, tudo é novo, tudo é rápido, e aquilo que você acabou de usufruir, se torna velho alguns instantes depois. Pior que tudo isso, é o fato de não termos mais o tempo de reflexão e simplesmente viver o tempo presente.

Me lembro da época que as programações do dia nos forçavam a termos horários. Os programas infantis começavam pela manhã, na hora do almoço tínhamos as notícias do esporte e assim seguia o dia. E sim, as novelas seguiam o padrão de horário, a das seis era de fato as seis, e o fim da novela das oito significa que estava na hora de dormir. Para você ter uma ideia, ouve um tempo em que as emissoras de televisão paravam sua programação, ficando apenas um sinal. Nesse momento, talvez muitos ficavam em sua janela, olhando para o nada, mas refletindo sobre tudo. Quando foi que paramos de fazer isso? A internet poderia ser a grande vilã de nossos dias, com redes sociais que nos aproximam, ao mesmo tempo que também nos afastam, pois não queremos relações, não buscamos conversas. Se os jovens de antigamente gostavam de sair e curtir a noite, os jovens dos nossos dias gostam mesmo é de ficar em casa maratonando séries e fechando seus jogos de Vídeo Game. Era comum ao andarmos nas ruas vemos pessoas em suas janelas vendo a vida passar, que também seria um momento de reflexão. Hoje, temos janelas vazias, mas olhos atentos ao celular.

Meu tio, um cara que viveu sua juventude nos anos intenta, gostava mesmo era de tomar o seu bom vinho ouvindo músicas de rock, que chamamos hoje de flashback. Com a nossa mente atolada de novidades, isso parece ser uma perca de tempo. Muitos condenam o ócio, o ato de ficar em uma rede apenas deitado. Hoje é vendido que precisamos sempre fazer mais, sermos mais fortes acordar as cinco e meia da manhã para sermos produtivos. Vende-se uma produtividade, mas não se vende os simples atos de viver e desfrutar do dia. Quantos param para olhar para o céu e ver a linda Lua que reflete o seu brilho? Quando foi a última vez que você parou para ver o nascer ou o pôr do sol? Não queremos perder tempo, preferimos correr atrás de coisas vazias. Não vemos mais pessoas lendo livros, mas vemos lendo as notificações do Instagram. Não vemos mais pessoas compartilhando uma boa conversa, mas ao observarmos, as veremos trancadas em alguma tela. Já dizia o escritor Zygmunt Bauman, tudo é liquido e dura só o momento que escorre em nossas mãos. Saudade de apenas observar o tempo, viver o momento e desfrutar daquilo que se apresenta. O nome disso é vida, e o resto, bem o resto é correria, é correr atrás do vento.