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Os contos de Ted Chiang em "Expiração"

segunda-feira, 19 de junho de 2023

Ted Chiang retorna com seus contos de ficção cientifica, buscando trazer diversos assuntos filosóficos em suas tramas. Após o grande sucesso do livro anterior, onde inclusive uma de suas histórias se tornou o filme "A chegada", uma grande expectativa foi criada para o novo volume de contos escritos por ele. Infelizmente a qualidade não é a mesma que do seu primeiro livro, com alguns contos bem mais curtos e outros que terminam sem atingir o objetivo de agradar. Apesar disso, "Expiração" reúne ótimas histórias, muitas delas bem reflexivas, e outras que retratam uma discussão da qual estamos vivendo nos dias de hoje, da inteligência artificial. Como de costume, as tramas escritas por Ted possuem uma boa escrita e conseguem nos inserir no cenário que ele descreve.


O primeiro conto é excelente, na minha opinião o melhor do livro. O título era "O mercador e o portal do alquimista", onde é descrito sobre um portal que tem o poder de levar a pessoa vinte anos para o futuro. Um mercador diz que gostaria voltar ao passado para poder salvar sua esposa, então ao conseguir o retorno percebe que viajar no tempo não resolve os problemas e não muda o curso dos acontecimentos. É muito bom ouvirmos as histórias daqueles que atravessaram por esse portal, com uma escrita excelente do Ted Chiang. A mensagem final é que revisitar o passado não muda nada, mas com um novo olhar a pessoa pode ser curado de suas dores. Em "Expiação" temos uma carta enviada para a humanidade, falando sobre a importância de respirar e aproveitar a existência. Uma outra história muito boa é "O ciclo de vida dos objetos de software". Ted nos apresenta um mundo onde existem os Digientes, que são I.A que vivem dentro de robôs. A partir de então vemos a evolução dos Digientes conforme os anos vão se passando, com eles aprendendo a ter comportamento e decisões humanas. Em meio a trama acompanhamos os sentimentos envolvendo Derek e Ana, que estudam os Digientes. Acabamos também nos apegando as I.A Marco, Polo e Jax.

O conto "A babá automática patenteada de Dacey" nos mostra uma experiência de uma babá eletrônica criando bebês. A ideia é muito boa, discutindo a respeito de um robô tendo a capacidade de criar uma criança. Seria isso possível ou é apenas um experimento frustrado? Apesar da boa ideia, infelizmente a execução da trama não é muito boa, com um final ruim e vazio. Em "A verdade dos fatos, a verdade dos sentimentos" encontramos um mundo onde existe a tecnologia Remem, que grava tudo aquilo que se vive, nos lembrando inclusive um dos episódios da série Black Mirror. O conto nos traz uma discussão sobre a gravação de memórias, se isso seria bom apenas causaria mais problemas para a humanidade. Dois contos curtos e que não conseguem se desenvolver bem é "Ônfalo" e "O grande silêncio". Um conto que também soma para melhorar o livro se chama "Ânsia é a vertigem da liberdade", que trabalha em cima do tema do livre arbítrio, ao nos falar sobre a tecnologia chamada Prisma, que nos traz o poder de podermos olhar para outras realidades e assim termos contato com outras versões de si mesmo. Isso pode vir a causar decepção, caso a sua outra versão seja bem sucedida no que faz. Nesse contexto muitas pessoas acabam sendo viciada nos Primas e buscam ajuda. O conto fala sobre sentimento de culpa e perdão. De forma equilibrada termina assim a reunião de contos de Ted Chiang nesse livro.

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