O mundo do filho único é só dele. Faz o que quer, pede e tudo é para ele. Quando quer sair, os pais ficam sem graça de negar algo para a criança. É o primeiro encantamento dos pais, os primeiros medos, a incerteza de que irão conseguir criar um ser humano, quando eles mesmos possuem dúvidas a cerca de tantas coisas. O filho único é mais mimado, acha que tudo é para ele e demora um pouco mais para entender que o mundo não gira em tono do mundo dele. Isso se quebra quando surge um segundo choro dentro de casa, o irmão mais novo, que se tona o centro da atenção da família. O primogênito de forma natural passa a se sentir como o protetor do irmão, e assim começa o relacionamento protetor do irmão mais velho com o seu irmãozinho.
Me lembro quando era filho único e tudo girava ao meu redor. O meu mundo era maior, meus passos eram mais largos, mas ainda faltava algo. Na escola falava que queria um irmão, pois dentro de mim já existia aquele desejo de cuidar de alguém. Foi quando em 1996 nasceu meu irmão do meio e minha vida nunca mais foi a mesma. É muito nítido para mim o cuidado que tinha, o desejo de estar perto, mas também o desejo de deixar ele longe dos meus preciosos brinquedos. Com o passar dos anos tive a oportunidade de passar para ele a paixão pelas coisas que gosto. Ele aprendeu a gostar de anime, de leitura, de filmes e séries. Acredito que a maioria das coisas que ele gosta tem um pouco de minha influência. Além disso surgem as preocupações, seguidas de frases como "Onde ele esta?", "Não chegou ainda?", e os mais variados "Esta tudo bem?". Mas avida entre irmãos não é feita apenas de coisas boas, pois existem os conflitos, as brigas. Tudo por que como mais velho você quer ensinar, quer passar a frente, que escolher por ele, mas na verdade não conseguimos livrá-los daquilo que eles precisam passar. Ah mas se pudéssemos, o mundo de nossos irmão seriam mais fáceis e indolores, mas se fosse assim, eles não seriam quem são e não iriam mais longe do que fomos.
Se pudesse entrar em uma máquina do tempo, voltaria para viver alguns momentos de quando morávamos juntos. Quando era comum acordar e saber que ele estaria na cama de baixo da beliche. Sempre quis um irmão para ser um amigo e por muito tempo fomos. A vida, como uma maquina de lavar, vem e mexe, centrifuga e nos balança e muitas coisas acontecem. Ainda assim me considero próximo do meu irmão, onde todo dia me preocupo e fico pensando em como ele está e o que esta fazendo. Com os anos fui percebendo que isso não é apenas comigo, mas um sentimento universal da maioria dos irmão mais velhos, querendo sempre proteger os mais novos. Ser irmão mais velho é ficar de longe, mas com o pensamento sempre perto. Longe para não atrapalhar o crescimento, mas perto para verificar se esta tudo bem. Ser irmão mais velho é dar conselhos mesmo que não tenha sido perguntado. Queremos ser ouvidos e assim ensinar o que já vimos. Sim, eles não podem cair nos mesmo buracos que nós. Talvez um irmão mais velho é um treinamento para ser um pai, onde aos poucos vamos desenvolvendo amor e cuidado por uma outra pessoa. Por fim, ser irmão mais velho é ter alguém dento de casa para poder conversar e poder ser livremente quem você realmente é.
Nenhum comentário:
Postar um comentário