Sempre busquei descrever a respeito do futebol feminino brasileiro, e acompanhei as mais diversas evoluções da categoria. Por muitas vezes a reclamação e a mesma, com as jogadoras reclamando da falta de investimento, dos campeonatos ruins e como não são valorizadas. Toda competição a história é a mesma, tendo sempre Marta, a melhor jogadora que produzimos, como porta voz disso tudo. As Olimpíadas de Paris seria a última dança de Marta, algo que já foi dito por várias vezes, mas que agora parece ser uma realidade. Com isso, a seleção brasileira chegou para a competição com muita desconfiança do que poderia apresentar, e acabamos sendo surpreendidos com uma medalha de prata, que acabou até tendo um gosto amargo.
Quando a antiga treinadora, Pia, estava no comando do Brasil, tínhamos muitas expectativas de que daríamos um salto no contexto mundial, já que ela fez trabalhos sensacionais com os Estados Unidos e com a Suécia. Acontece que vejo o trabalho dela com as nossas meninas como um regresso, pois pioramos muito. Se na última década tivemos o Brasil disputando final olímpica por duas vezes, infelizmente começamos a ver um time mal jogado, com fracas atuações e uma queda no cenário do futebol feminino. Enfim, quando o novo treinador, Arthur Elias, assumiu o comando da seleção, entendemos que viveríamos um processo de reformulação, que geralmente é muito lento. Para tentar ganhar tempo, o treinador buscou contar com o elenco do seu time anterior, o Corinthians, que possui a melhor equipe do futebol feminino brasileiro. Mesmo sendo criticado, seguiu com o seu planejamento e foi para as Olimpíadas com baixas expectativas, pois caímos no grupo com a Espanha e Japão, as melhores seleções do campeonato. Com uma estreia nervosa, ganhamos a primeira partida contra a Nigéria por 1 a 0.
Na segunda rodada, de forma incrível saímos na frente contra o Japão. Mas mais incrível ainda foi a virada japonesa em cinco minutos no fim do jogo. Realmente foi um banho de água fria. Na terceira partida, nova derrota, dessa vez para a Espanha por 2 a 0, com Marta sendo expulsa e estando muito abaixo no nível técnico. Conseguimos a classificação como um dos melhores terceiros colocados, e logo de cara jogaríamos contra as donas da casa, a França. Por incrível que pareça, foi sem Marta que nossa seleção melhorou, e mesmo com um tempo de acréscimos altíssimo, vencemos por 1 a 0, com marcado por Gabi Portilho, um dos grandes nomes do nosso elenco. Tudo era possível a partir de agora, mas ninguém esperava que venceríamos a campeã mundial Espanha em uma semi final pelo placar de 4 a 2, deixando as espanholas nervosas e totalmente sem rumo. Gabi. Kerolin e Adriana marcaram gols. Fomos surpreendidos com a chegada para a decisão olímpica, e novamente enfrentaríamos os Estados Unidos, para quem perdemos a medalha de ouro por duas vezes. Dessa vez tínhamos a capacidade de vitória, mas infelizmente ela não veio e perdemos por 1 a 0, com o Brasil ficando com a medalha de prata. Apesar da prata e da surpresa, fica o gosto amargo. Era a última dança de Marta, era a revanche contra os Estados Unidos, mas o lindo roteiro não veio para nós. Fica agora o bom trabalho de Arthur Elias, que segue com a operação de reformulação da seleção feminina.
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