Paulo já era pai fazia 13 anos, e se lembrava muito do dia em que descobriu que seria pai de uma menina. Ficou aflito, ficou suando frio, pois era uma experiência nova na sua vida. Será que daria conta? Será que conseguiria suprir as expectativas? Será que aquela criança iria gostar dele? Enfim, aos poucos foi se acalmando e descobrindo que não adiantaria se desesperar, o jeito era viver um dia de cada vez. Então veio o nascimento daquela criança, e deu o nome dela de Julia e foi amor a primeira vista.
- É a minha filha, é a minha menina - dizia Paulo para todo mundo.
- Olha como ele esta feliz, olha como ele esta contente - diziam as pessoas que conviviam com Paulo
Mas eram outros tempos, agora Julia já tinha seus 11 anos de idade e iria pela primeira vez para uma festa com os amigos da escola, e vejam só, Paulo iria levar a filha para esta festa. Todo marrento e de cara feia, se colocando como o pai protetor, Paulo colocou a filha no carro e partiu para essa festa de adolescentes, que para ele parecia mais uma festa de abutres que iriam estar de olho na filha dele.
Paulo pegou o carro e ainda sonolento depois do cochilo da tarde levava Julia para o local da festa. E assim Paulo iniciou a entrevista com a filha: "Quem vai ir?", "Você conhece o pessoal?", "Eles são comportados?", e por ai seguia as perguntas, enquanto Julia não conseguia mais disfarçar o quanto estava incomodada pelo tamanho de perguntas, torcendo para o pai não querer entrar na casa dos amigos para ver quem estaria presente.
Paulo e Julia chegaram na festa, e Julia logo se animou em ver a sua galera de amigos chegando, enquanto o pai fazia aquela cara de preocupação, pois tinha amigas com roupas curtas demais para o seu gosto, e os meninos estavam com rostos alegres demais, loucos para beijar a sua filha. Todos esses pensamentos passavam pela cabeça de Paulo.
- Pai, abre a porta.
- Desculpa filha, nem percebi que a porta estava travada.
- Sei - respondeu Julia com um olhar irônico.
Julia desceu do carro e foi recebida pelos amigos. No carro Paulo enlouquecia. Ah, eles estão abraçando tempo demais. Ah, eles estão de olho na minha filha. Ah, esses meninas vão levá-la para a perdição. Paulo percebeu que o tempo passa, e que não tinha como travar o tempo para que a filha ficasse sempre no seu colo de proteção. Paulo ficou ali no carro olhando a filha sorrir, se divertir e se relacionar com pessoas.
Por mais que ele pense que no seu tempo as coisas não eram assim, na verdade eram. Paulo quando adolescente também saia com amigos, ia para shows, se divertia muito. A preocupação com a filha estava com ele, mas ele tinha que aprender a sossegar, e então Paulo ligou o carro e deixou a filha ali para trás na festa, sabendo que seria a primeira de muitas, e um aviso de que um dia aquela menina iria crescer, casar e ir embora de casa. Era bom já ir se acostumando. Paulo seguiu com o carro de volta para a casa, sabendo que naquela noite aprendeu que não tinha controle sobre a sua filha.
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