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A despedida

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Marcos estava com dúvidas. Não sabia se já era hora de sair de casa, se era tempo de abandonar a vida boa com os pais para correr para a cidade grande. Ele não aguentava mais aquela vida do mesmo jeito, a vida de cidade pequena, sabe? Marcos acordava com a cantoria do galo logo bem cedo, ali no interior de Minas Gerais. A rotina começava com os estudos, mas logo tinha que ajudar o pai com a plantação. Ele sabia que o lugar era pequeno para ele, sabia que poderia alcançar mais. Nada o prendia naquela cidade, nada mais poderia prendê-lo. As suas raízes eram seus pais, e como filho único não queria abandoná-los. Mas seu próprio pai dizia:

- Marcos, a vida aqui é pouco para você, tu merece mais meu filho.

- Pode ser pai, ainda não sei o que faço da vida.

- Nunca se prenda meu filho, você foi feito para voar.


Marcos seguiu os dias pensando naquilo que seu pai havia lhe dito. Seria a hora da despedida? Seria o tempo de deixar tudo para trás e ir atrás de seus sonhos? Não sabia, apenas sabia que algo tinha que mudar na sua vida. Conversando com seus amigos não encontrava respostas. Eram pessoas simples, apesar de boas pessoas. Mas não conseguiam acrescentar algo novo para a vida dele. E sobre o amor e romances da juventude? Marcos não o tinha. Já havia beijado algumas garotas e também teve noites muito boas com algumas mulheres. Mas nada que o prendia na cidade.

- O Marcos é metido a homem da cidade grande - dizia seus amigos

- Nada disso. Só não entendo como vocês se contentam com a vida de cidade pequena. Plantar, colher e morrer.

- Mas a vida é assim homem. Ficar pensando em outras coisas só traz cansaço.

- Cansaço é este vida aqui - saiu ele nervoso para casa

Nervoso, logo sua mãe percebeu que Marcos não se encontrava nos seus melhores dias. Havia chegado a seu limite. Sua mãe simplesmente chegou perto dele e o trouxe para si, como fazia com ele nos tempos de sua infância. Marcos sentiu o amor da mãe, e isso foi um sinal para ele, percebeu que era o momento de partir. Os braços da mãe estariam ali para ele receber carinho, mas também poderia ser uma gaiola, o prendendo a comodidade. Era hora de ir embora e sua mãe percebeu, e apenas assentiu com a cabeça.

Chegou a hora da viagem. Na Rodoviária Marcos estava com sua mala em mãos e seus pais segurando o choro para não deixar o filho triste e arrependido de partir. Um forte abraço em seu pai.

- Sucesso filho, e lembre-se, você nasceu para voar garoto.

- Obrigado pai, eu nunca vou me esquecer das suas palavras.

Ao abraçar a mãe não teve jeito, as lagrimas escorriam devagar dos olhos dos dois. Não era um adeus, mas doía mesmo assim. O filho não iria para outro país, eram apenas 600 km de distância, mas doía mesmo assim. Marcos agradeceu o carinho da mãe e o apoio do pai, mas tinha cada vez mais certeza que era hora de partir.

- Obrigado mãe. Eu te amo

- Também te amo filho.

O jovem subiu para o ônibus e encontrou o seu lugar. Se ajeitou no banco e encostou a cabeça na janela. Sentia medo do que iria vir, mas também tinha coragem para enfrentar os desafios. Quando aquele Ônibus Cometa começou a caminhar ele viu mais lágrimas caírem sobre sua face, mas tudo bem, logo seria lágrimas de sucesso. Ele acenou com as mãos, respondendo ao acenos dos pais. O Ônibus partiu. O passado ficava para trás, e o futuro o aguardava. 

Um comentário

  1. Uau! Tá aí uma experiência que eu não sei se é de todos, mas de muitos! Muito bom Rafa!

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