Lia era uma mulher muito atarefada, corria o tempo todo, sempre estava ocupada, não tendo muitas vezes tempo nem para respirar. Já fazia alguns anos que ela estava morando na Austrália e aqui as pessoas não olhavam muito umas para outras, mas ela era brasileira, tinha que mostrar que possuía um pouco de compaixão e calor humano. Lia não entendia o porque de tanta indiferença na vida das pessoas, o porque que ninguém ajudava ninguém.
Todos os dias ao acordar ela encontrava um cara na rua que vivia pedindo dinheiro, e isso era todo dia. O pessoal da rua chamava ele de Paul. Apesar das pessoas conhecerem o nome dele, ninguém o ajudava, poucos olhavam para ele e com muita raridade ele recebia alguma moeda. Mas o que mais surpreendia Lia, era o fato de Paul não desistir, pois todos os dias ele se achava no mesmo local, pedindo dinheiro. Chegou um dia em que Lia resolveu ajudá-lo, pois o que ele pedia era absurdo e ao mesmo tempo engraçado.
-Moça, eu estava querendo comprar um bilhete da loteria, será que você poderia me dar o dinheiro para comprar?
- Sério? Ah, bem, tudo bem, eu lhe dou o dinheiro - Lia não estava acreditando no pedido, achou engraçado e se sentiu no Brasil.
E a semana passou novamente com toda aquela velocidade que só as cidades grandes conseguem proporcionar. Lia seguiu o trabalho e toda vez ao acordar ela ainda via Paul pedindo esmola para as pessoas na rua. Assim foi por três dias seguidos, mas no quarto dia Lia não viu Paul na rua. Será que tinha acontecido alguma coisa? Será que ele tinha sido atropelado ou morto? Foi então que andando pela rua viu Paul de longe. Ele vinha correndo com um largo sorriso no rosto.
- Oi moça, eu te encontrei, que bom. Achei que não encontraria a senhora - dizia Paul todo animado.
- O que houve Paul? Esta tudo bem?
- Sim, sim. É que na verdade eu precisava pagar o que estava devendo para a senhora. Eu acabei ganhando na loteria e estou devolvendo o dinheiro que a senhora me deu.
- Nossa, que legal cara- a euforia tomou conta de Lia, ela não acreditava no que estava ouvindo - que bom, e agora o que você vai fazer?
- Bem, agora que estou rico- Paul seguia rindo - vou voltar para a minha cidade, ajudar a minha mãe, refazer a minha vida.
-Bom, até mais então. Boa sorte.
E assim Paul seguiu em frente, buscando uma nova vida. Lia ficou ali e depois sentou no banco em que Paul ficou por tanto tempo pedindo dinheiro. Lia esta muito feliz, pois a sua pequena ajuda foi capaz de ajudar uma pessoa a mudar de vida, e isso ela nunca esqueceria. Bem, e nem ele!
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